Há um bom tempo que eu trabalho com o Vim,
tanto tempo que quando estou em qualquer outro editor escrevo :wq
para salvar e sair.
Mas não comecei a utilizar o Vim por gostar de desafios… foi pura
necessidade! Trabalhei em uma empresa onde desenvolvíamos em uma máquina
remota, através de linha de comando. Logo, entre o Vim e Emacs (ou
ficar subindo arquivos via FTP ou SSH), optei pelo mais fácil de
usar. É claro que no início eu não conseguia encontrar facilidade de
jeito nenhum. Navegar pelas teclas h
, j
, k
e l
não fazia
sentido nenhum para mim, sem falar que (segundo os meus colegas de
trabalho) utilizar o PageUp
, PageDown
, Home
e End
era
praticamente uma heresia.
Mas aos poucos o editor foi conquistando a minha simpatia, e foi me mostrando as suas principais virtudes em relação a outras aplicações. É fato que não sou nenhum “guru” no assunto, mas me sinto na obrigação de compartilhar alguns dos pontos que mais me chamaram a atenção com o uso do Vim.
Não vou contar a história do Vim, muito menos ficar explicando como utilizar a ferramenta. Eu vou simplesmente apresentar os motivos pelo qual eu gosto desse simpático editor de textos.
A principal vantagem em usar o Vim é que você tem controle total sobre o conteúdo, sem necessitar movimentar muito as suas mãos. O uso de mouse é totalmente dispensável, sem falar da interface gráfica. Hoje, com variações como o Gvim, MacVim e Pida, temos algumas facilidades e melhorias na experiência de uso (principalmente pelo uso da GUI), em relação ao “Vim puro”, que tornam o dia-a-dia muito mais fácil e prático.
Outro ponto interessante é que seja no Linux, Mac ou Windows, a experiência básica é a mesma. Você “sofre” menos com o layout do teclado, principalmente pelo fato do editor “abolir” o uso de direcionais, e manter a experiência mais “uniforme” independentemente da plataforma.
Outra característica muito importante do Vim é a sua customização. É possível alterar desde comportamentos básicos como fonte de texto, cores, teclas de atalho e navegação, até comportamentos mais avançados como a exibição de uma árvore de arquivos.
É possível criar plugins utilizando Python, Lua, Perl, Ruby, etc. O editor também possui uma linguagem própria de scripts chamada Vimscript. No site do Vim você pode conferir uma extensa lista de plugins. Também é possível acompanhar o desenvolvimento de extensões no GitHub.
Um dos plugins mais sensacionais é o Vundle. Trata-se de um gerenciador de extensões, onde de maneira muito simples é possível instalar e atualizar os mais variados tipos de soluções para o editor. Com ele, fica muito mais fácil versionar e distribuir o seu vimrc para o seu grupo de trabalho.
Abaixo estão algumas extensões que não podem faltar no meu ambiente de trabalho:
E por último mas não menos importante: O Vim é livre, e de código aberto.
A sua licença de uso é peculiar, já que é compatível com a GNU GPL, mas possui cláusulas que incentivam doações para crianças em Uganda. Uma causa muito nobre do autor da ferramenta, Bram Moolenaar, que além de manter o Vim e fazer caridade, participa de outros tantos projetos de código aberto.
Algumas ferramentas acabam cativando os seus usuários de tal modo, que os pontos negativos acabam sendo (propositalmente) esquecidos. No meu caso o Vim é uma dessas ferramentas, e embora eu entenda as críticas em relação a sua curva de aprendizado, ainda assim o acho mais prático que muita ferramenta moderna que tem “pipocado” recentemente.
Se você tem interesse, ou acha um desafio interessante utilizar o Vim, eu recomendo que pule de cabeça agora mesmo. Não espere para acabar aquele manual (ou tutorial) que você vem “negligenciando” há meses. A maneira mais divertida é ir aprendendo de acordo com a necessidade.
Até a próxima…